Prevenindo a febre amarela

#bem-estar #conteudo-medico - 30-03-2017

Por: Dr. Carlos Augusto Figueiredo – Infectologista Pediátrico no Americas Medical City

A febre amarela é uma doença infecciosa não contagiosa, causada por um vírus do gênero Flavivírus, sendo de caráter endêmico nas áreas de floresta tropical na América do Sul e em outros países. Tem dois ciclos epidemiológicos de transmissão distintos: o ciclo silvestre e o urbano, e, do ponto de vista etiológico e clínico, a doença se apresenta de forma semelhante. O agente transmissor da doença é o mosquito Haemagogus e Sabethes (forma silvestre) e o mosquito da dengue (Aedes aegypti), na forma urbana da doença. Não existe, desde 1942, relato de transmissão da forma urbana no Brasil.

Os macacos, assim como os humanos, são vítimas da doença, e não agentes transmissores. Eles apenas funcionam como reservatório do vírus, na forma silvestre da doença.

A melhor forma de prevenção da febre amarela é a eliminação dos focos de mosquito e a vacinação de pessoas suscetíveis. O estado do Rio de Janeiro está planejando uma vacinação em massa da população, após a ocorrência do óbito de um morador na zona rural da cidade de Casemiro de Abreu, além da ocorrência da doença em macacos desta mesma região. Apesar deste evento, a situação na cidade do Rio de Janeiro é de controle e não existe, até o momento, nenhum caso de doença em primatas não humanos (macacos) ou em humanos, no município. Portanto, não há motivo para pânico.

A vacina é segura e confere proteção de até 97% dos vacinados. Seu principal efeito adverso é a dor no local de aplicação, náuseas, mal-estar e dor de cabeça. Pode também ocorrer, em alguns casos, dores pelo corpo, febre e até um quadro semelhante à doença, mas isto é raro. Como muitas pessoas farão uso da vacina, espera-se encontrar um maior número de casos destes eventos adversos, o que não significa que a vacina não seja segura. Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), basta uma dose para conferir imunidade para toda a vida; apesar disto, a recomendação oficial do Ministério da Saúde persiste no uso de duas doses durante a vida (até o momento), por motivos de segurança.

Apesar da segurança do produto, alguns indivíduos não devem fazer uso da vacina, como:

– Crianças com idade inferior a seis meses;

– Pessoas com imunodepressão grave por doença ou uso de medicamentos;

– Pacientes que tenham apresentado doença neurológica desmielinizante;

– Pacientes que realizam transplante de órgão estando em uso de medicamentos imunossupressores;

– Pacientes que realizam transplante de medula óssea com tempo inferior a 24 meses;

– Pacientes em uso de corticoides (ex. prednisona) por mais de 14 dias, em doses elevadas (2 mg/kg/dia, nas crianças até 10kg, ou mais que 20mg/dia, nos adultos);

– Pacientes portadores do HIV com CD4 < 200 células/mm3. Acima desse valor, o paciente deverá ter uma avaliação médica para estabelecer o risco/benefício da vacina;

– Em pacientes oncológicos em vigência de quimioterapia, por até três meses após o seu encerramento, e/ou em radioterapia;

– Pacientes com relato de alergia a ovo e seus derivados;

– Pacientes com história pregressa de doenças do timo (miastenia gravis, timoma, casos de ausência de timo ou remoção cirúrgica).

Indivíduos com idade superior a 60 anos, gestantes, crianças com idade entre 6 a 8 meses de idade e mulheres que estejam amamentando crianças com idade superior a seis meses serão vacinadas apenas após avaliação médica.

Nestes pacientes com contraindicação formal ao uso da vacina, deve-se reforçar ainda mais outras formas de prevenção, como medidas de controle ambiental (retirada de focos de mosquito no domicílio, evitar entrada em florestas, evitar ingressar em áreas sabidamente com casos da doença, uso de telas nas janelas) e individual (uso de roupas adequadas, uso de mosquiteiros, uso de repelentes aprovados pela ANVISA e aplicado conforme orientação do fabricante, principalmente nas crianças menores de 2 anos de idade).

*Em caso de dúvidas procure informações com seu médico, nos sites do Ministério da Saúde, da Secretaria da Saúde ou diretamente nos postos de saúde da sua cidade. Cuidado com as notícias difundidas na internet e em mídias sociais, elas habitualmente servem para desinformar a população e causar pânico.

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